Hoje, eu quero falar de tempo, momento. A hora para agir. E isso me faz pensar em meu filho, uma criança de um ano e seis meses. Eu imaginava que a criança precisava tatear; exercitar o seu domínio de espaço e de tempo para conseguir tocar as coisas e os objetos que ela queria.

Porém, para a minha surpresa, desde que meu pequeno começou a ingerir alimentos sólidos, ficou muito claro o momento em que ele não mais deseja comer. O tempo dele de defesa daquela colher e daquele garfo que levam o alimento a sua boca é perfeito. Meu filho atinge o garfo e a colher e joga o alimento longe – é claro que isso perturba; irrita, o que faz com que eu tenha vontade de dar uma bronca nele. No entanto, quando percebi esse movimento, eu fiquei surpreso: como o tempo dele era tão correto. Como a ação dele era tão perfeita.

Após observar um pouco mais, fui percebendo que, quando o garoto queria alcançar alguma coisa, ele se aproximava, estendia o braço e pegava aquilo. Ele tocava a parede; se apoiava na cadeira. Antes, eu imaginava que ele fosse trombar muito, cair bastante para se recuperar. Foi surpreendente, entretanto, a hora que ele levantava ou o momento em que ele esticava o braço para conseguir algum objeto. Isso me fez pensar em um ditado popular: nós chegamos neste mundo e nesta encarnação perfeitos, sem falhas, sem defeitos. Sem dúvidas. E nossa ação é totalmente espontânea, perfeita, em um determinado tempo e espaço.

Mas, afinal de contas, o que faz com que nós, seres humanos, fiquemos tão confusos? Por que perdemos tanto tempo para agir, ao esperarmos demais? Observando meu filho, eu vejo o quanto ele é efetivo e preciso, mesmo nos momentos mais delicados. Não imaginava que ele teria uma pré-concepção de coisas pequenas e grandes. Porém, ele tem um alcance calibrado do olhar e das mãos exatos: o que ele decide, ele faz; o que ele não quer, ele recusa.

Contudo, nós, adultos – diferentemente das crianças -, nos perdemos em algum momento. Perdemos esta conexão de confiança, de espontaneidade. E fomos permitindo que a nossa mente absorvesse as nossas ações. E fomos nos permitindo isto que a mente faz: pensar, raciocinar e planejar.

O que é e qual é o tempo certo? Meu filho tem dito isto para mim, mesmo que ele ainda não saiba falar: o tempo é sinônimo de vontade, em que o sentimento sobre algo é tão intenso, a ponto de querermos pegar ou não aquele objeto.

Agradeço a sua presença.
Se cuida bem.
Abraços.

Ricardo Kanashiro

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